Mamona (Ricinus communis) como Cultura de Duplo Uso: Engenharia de Processos Verdes para o Ácido Ricinoleico e Barreiras de Biossegurança contra a Ricina

Autores

  • Luiz Carlos Alves de Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Ricinus communis, Ácido Ricinoleico, Ricina, Óleos Vegetais, Biossegurança

Resumo

A Ricinus communis apresenta singularidade agronômica ao fornecer ácido ricinoleico (AR) de alto valor farmacêutico e, simultaneamente, alojar a toxina proteica ricina. Esta revisão narrativa (2015-2025) investigou estratégias de processo e de biossegurança capazes de maximizar o rendimento terapêutico do AR e mitigar riscos toxicológicos. Foram pesquisadas PubMed, Scopus e SciELO; cinco artigos nucleares atenderam aos critérios SANRA-6. Rotas enzimáticas “verdes” (Lipozyme TL IM, 45 °C, pH 7) atingiram conversão média de 96 %, sem subprodutos relevantes. Protocolos de autoclavagem seguidos de lavagens sucessivas reduziram a ricina residual da torta a < 0,1 mg kg⁻¹, viabilizando sua inclusão até 45 % em dietas ovinas e caprinas sem prejuízo zootécnico. A revisão evidencia que a integração de Boas Práticas de Fabricação, análise de perigos e rastreabilidade digital estabelece barreira robusta a envenenamentos acidentais ou deliberados, ao mesmo tempo em que cria oportunidades para dermocosméticos anti-inflamatórios e sistemas nanoestruturados de liberação lenta. Lacunas futuras concentram-se em ensaios clínicos do AR, padronização de biomarcadores de exposição e edição genômica de cultivares low-ricin. Conclui-se que ciência de processos, toxicologia e governança convergem para transformar o paradoxo da mamona em paradigma de bioinovação responsável.

Referências

ABBES, M. et al. Ricin poisoning: a review on contamination source, diagnosis, treatment, prevention and reporting. Toxicon, v. 195, p. 86-92, 2021.

BODA, R. K.; MAJETI, N. V. P.; SUTHARI, S. Ricinus communis L. (castor bean) as a potential candidate for revegetating industrial waste contaminated sites in peri-urban greater Hyderabad: remarks on seed oil. Environmental Science and Pollution Research International, v. 24, n. 24, p. 19955-19964, 2017. DOI: 10.1007/s11356-017-9654-5.

CHAN, A. P. et al. Draft genome sequence of the oilseed species Ricinus communis. Nature Biotechnology, v. 28, n. 9, p. 951-956, 2010. DOI: 10.1038/nbt.1674.

FRANKE, H.; SCHOLL, R.; AIGNER, A. Ricin and Ricinus communis in Pharmacology and Toxicology-From Ancient Use and "Papyrus Ebers" to Modern Perspectives and "Poisonous Plant of the Year 2018". Naunyn-Schmiedeberg's Archives of Pharmacology, v. 392, n. 10, p. 1181-1208, 2019. DOI: 10.1007/s00210-019-01691-6.

LOPEZ NUNEZ, O. F.; PIZON, A. F.; TAMAMA, K. Ricin poisoning after oral ingestion of castor beans: a case report and review. J. Emerg. Med., v. 53, n. 5, p. e67-e71, 2017.

MAJUMDER, M. et al. Ricinus communis L. fruit extract inhibits migration/invasion, induces apoptosis in breast cancer cells and arrests tumor progression In Vivo. Scientific Reports, v. 9, n. 1, ID 14493, 2019. DOI: 10.1038/s41598-019-50769-x.

MENEZES, D. R. et al. Detoxified castor meal in substitution of soybean meal in sheep diet. Trop. Anim. Health Prod., v. 48, n. 2, p. 297-302, 2016.

NITBANI, F. O. et al. Preparation of ricinoleic acid from castor oil: a review. J. Oleo Sci., v. 71, n. 6, p. 781-793, 2022.

OLIVEIRA, C. H. et al. Meat quality assessment from young goats fed castor de-oiled cake. Meat Sci., v. 106, p. 16-24, 2015.

SOUSA, N. L. et al. Bio-detoxification of ricin in castor bean (Ricinus communis L.) seeds. Scientific Reports, v. 7, n. 1, ID 15385, 2017. DOI: 10.1038/s41598-017-15636-7.

Downloads

Publicado

02-12-2024

Como Citar

de Oliveira, L. C. A. (2024). Mamona (Ricinus communis) como Cultura de Duplo Uso: Engenharia de Processos Verdes para o Ácido Ricinoleico e Barreiras de Biossegurança contra a Ricina. Journal of Convergent Scientific Inquiry (ISSN 3085-8356), 1(1), 25–33. Recuperado de https://jcsi.ufrdj.com/index.php/jcsi/article/view/7

Edição

Seção

Revisão Narrativa ou Integrativa